"Most divers seem to act as though having a c-card means that they have mastered all of the skills of the sport. Wrong. The c-card only means that they now have a license to practice and a lifetime to learn."

(Rhea DW, 2004)


"A maioria dos mergulhadores parece agir como se ter uma credencial significa dominar todas as habilidades do esporte. Errado. A credencial significa apenas que eles possuem agora uma licença para a prática e uma vida inteira para aprender."

(Rhea DW, 2004)


"Muitas vezes vemos coisas e dizemos: Por que? Sonhamos coisas que nunca existiram e dizemos: Por que não?"

(George Bernard Shaw)


"Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário".

(Albert Einstein)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mergulho com tubarões brancos na Ilha de Guadalupe-México

Caros amigos mergulhadores,

O vídeo abaixo se refere a um mergulho realizado próximo da Ilha de Guadalupe, no México, com o uso de uma gaiola de proteção subaquática, afim de que os mergulhadores pudessem interagir e ao mesmo tempo gravar imagens do maior predador dos oceanos, o tubarão branco.

O incidente ocorrido trata-se de um fato isolado, onde o tubarão branco chocou-se com a gaiola e ficou preso entre suas grades. Isto ocorreu devido ao fato de que quando a fêmea abocanhou a isca, fechou ao mesmo tempo os olhos por um ato instintivo de proteção e não viu o obstáculo a sua frente. Este fenômeno em que o tubarão branco fecha os olhos quando morde uma presa ou uma isca, tem sido objeto de estudos e é explicado por pesquisadores. A fêmea começou a se debater não pelo fato de estar querendo "caçar" e "dilacerar" os mergulhadores, mas em uma tentativa de se soltar da gaiola.

Apesar do susto, é importante destacar que a prática deste tipo de mergulho "enjaulado" é comum em certos lugares do mundo, onde o tubarão branco aparece em abundância. Na África do Sul, por exemplo, são realizados mergulhos para interação com tubarões tigre (outro grande predador dos oceanos), sem a utilização de gaiolas subaquáticas, porém, é realizado com procedimentos de segurança para garantir cuidados necessários para a preservação da vida do mergulhador, onde a ocorrência de acidentes é praticamente inexistente.

Para aqueles que gostam de uma "dose" a mais de adrenalina, estes são os mergulhos mais indicados.

Assistam ao vídeo pelo link abaixo:

http://goo.gl/B6FK



domingo, 11 de julho de 2010

Final da Copa da África 2010 - Poema: "O Mar"

"O Mar"

"Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
O mar é das gaivotas
E de quem sabe navegar.


Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Porque não sabem que o mar
É de quem o sabe amar".


Autora: LEILA DINIZ (década de 60).

quinta-feira, 8 de julho de 2010

El Zacatón, Sheck Exley e o robô submarino







"El Zacatón", ou denominada "Xacatun" para a civilização Maia, localiza-se na península de Yucatán (México). É a caverna inundada mais profunda do planeta e é considerada um ícone entre a comunidade dos “Cave Divers”, sem dúvida a especialidade mais arriscada do mergulho autônomo.

Trata-se do abismo sombrio que levou a vida do maior mergulhador de cavernas de todos os tempos, o americano Sheck Exley (1949-1994)*. Depois de colecionar todos os recordes possíveis, ele queria descer até a profundidade máxima daquele cenote, nome dado aos "buracos" alagados que se localizam por toda península de Yucatán, onde muitas vezes os Maias faziam sacrifícios humanos. Exley foi mais uma vítima daquele sumidouro. Quando seu corpo foi içado pelo cabo que o prendia, seu computador de mergulho marcava a profundidade de 268 metros.

*Sheck Exley

.Nascimento: 01/04/1949
.Falecimento: 06/04/1994 (45 anos) em El Zacatón, Tamaulipas, México
.Nacionalidade: Americano
.Ocupação: Professor de matemática, revendedor de veículos e pioneiro no Mergulho em cavernas.


Foi preciso esperar 13 anos para ir mais além, com a ajuda da robótica. O candidato a herói foi o submarino robô DepthX (Deep Phreatic Thermal Explorer), projetado pelo Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Pensilvânia, construído pela Stone Aerospace.

O primeiro mergulho do DepthX nas águas tranquilas daquele lago circular de 328 metros de diâmetro, aconteceu entre 16 e 17 de maio de 2007. Dotado de instrumentos especiais, o submarino coletou amostras de bactérias e de rochas a 115, 195 e 270 metros de profundidade. Ao mesmo tempo, os sensores do veículo criaram o primeiro mapa digital daquele gigantesco abismo.

Os mapas revelaram uma cavidade que se estende além dos 300 metros de profundidade, fazendo El Zacatón ser grande o bastante para esconder a Torre Eiffel. Os cientistas ainda não encontraram o fim do abismo, mas acreditam que o fundo do cenote deva estar a um quilômetro de profundidade. O submarino mapeou ainda outras três grutas: El Caracól, com 82 metros, os 117 metros da Poza La Pilita e os 48 metros da Poza Verde.

De acordo com a Stone Aerospace, o DepthX é um veículo autônomo extraordinário. Com cerca de dois metros de diâmetro e 1,3 tonelada, ele pode manobrar, flutuar ou pairar submerso contando apenas com as informações fornecidas pelos seus sensores.

Possui seis propulsores (quatro horizontais e dois verticais) e um sofisticado sistema de navegação dotado de câmeras e radares que mapeiam em tempo real o meio ambiente circundante, evitando obstáculos. Ao mesmo tempo mapeia digitalmente o terreno e sua comunicação com a superfície é feita através de transmissão Wi-Fi, sem fio. O DepthX foi projetado para suportar a pressão de um mergulho de até mil metros. Sua autonomia é de oito horas, com uma velocidade de cruzeiro de 720 metros por hora.

O valor do projeto, 5,3 milhões de dólares, foi financiado pela Nasa. E a razão para isto é simples: a agência espacial americana sonha desenvolver um submarino robô totalmente autônomo que possa um dia ser enviado numa missão espacial até a distante "Europa".

"Europa" é uma das 63 luas de Júpiter, porém desde 1995, quando a sonda Galileo descobriu que era coberta por uma calota de gelo, "Europa" tornou-se uma obsessão científica. Os exobiólogos, pesquisadores que procuram vida fora da Terra, acreditam que embaixo de uma calota de gelo de até 100 km de espessura exista um oceano oculto.

“Nós temos tanta certeza de que existe água em estado líquido em "Europa", e a verdadeira questão é saber se também existe vida, se existe algo no oceano que possa alimentar alguma forma de vida”, diz o exobiólogo Chris McKay, do Instituto de Astrobiologia do Centro de Pesquisas Ames da Nasa, em Palo Alto, Califórnia.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Hydropolis Underwater Resort Hotel (Dubai - Emirados Árabes)





Este resort subaquático é o primeiro existente no mundo e localiza-se em Dubai (Emirados Árabes). Traz um novo significado para aqueles que estão acostumados com as maravilhas do mundo submarino, assim como, para aqueles que ainda não o contemplaram. Situado a 66 metros abaixo da superfície do mar do Golfo Pérsico, o Hydropolis possui 220 suítes. Reforçado por concreto e aço, possui uma cúpula em forma de bolha, oferecendo uma vista indescritível da vida marinha.

O Hydropolis é considerado um hotel 10 estrelas e foi programado para ser inaugurado em fevereiro de 2007, no entanto, foi relançado posteriormente devido às dificuldades quanto ao seu alto custo, como também, preocupações sobre o impacto do projeto sobre a vida marinha, o que ocasionou grande atraso em seu processo de construção, que foi finalizado no ano de 2009.


A "estação terra" é o complexo onde os visitantes são recebidos inicialmente. É um grande edifício com um telhado que se parece com a crista de uma onda. De lá, os afortunados entram em um túnel (1.700 metros de comprimento) para sua viagem rumo ao hotel, conduzidos por um trem sobre trilhos.

Imitando as formas da natureza, a arquitetura é caracterizada como uma coleção de bolhas e curvas, concebidas para proporcionar a máxima resistência contra as pressões cotidianas da água do mar. Seu formato já foi comparado como o de uma água-viva ou de uma tartaruga marinha. O hotel possui um par de cúpulas de observação, que permitem uma visão expansiva da água e as criaturas que habitam o oceano. Suas estruturas são grandes o suficiente para permanecer acima das ondas, e um teto retrátil foi planejado para permitir que as pessoas olhem diretamente para o céu.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Publicação de novos artigos

Caros amigos,

Vejam as publicações de novos artigos de minha autoria nos sites Brasil Mergulho e Naufrágios do Brasil, através dos links:

http://www.brasilmergulho.com.br/port/artigos/2010/010.shtml

"Desenvolvimento da flexibilidade da articulação dos ombros e o alcance de torneiras de cilindros duplos no mergulho técnico".

www.naufragiosdobrasil.com.br (ícone: matérias especiais)

"Orientação espacial para o mergulho em naufrágios".


Boa leitura a todos!

Rodrigo N. P. Correia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Guiness Book - Mergulho profundo









Nuno Gomes was born in Lisbon 1951. Growing up on the Portuguese coast he practically lived in the sea and learned to swim and spearfish in the temperamental Portuguese Atlantic. His father who was disgruntled with the dictatorship in Portugal relocated his family to South Africa when Nuno was 14 years old. They settled in Pretoria. Landlocked.

In 1977 he joined the WITS Underwater Club where he found like minded people who where interested in cave diving and deep diving.

Being landlocked, cave diving was a natural progression. Nuno joined and pioneered many cave dive expeditions. He dived in all the known water filled caves in South Africa and Namibia.

Diving deeper and deeper just happened and Boesmansgat in the Northern Cape was perfect. In 1988 he dived to a new Africa Record of 123m.

In 1993 the legendary Sheck Exley visited Boesmansgat and Nuno finally met his hero. Nuno learned from the legend about TRIMIX decompression schedules and calculations, staged cylinder diving, the discipline required, the seemingly obvious rule of making sure to have enough gas to breathe, teamwork and to be conservative with decompression calculations.

In underwater hockey circles Nuno is already a legend. With the motto “JUST GO STRAIGHT” he sports a charge not unlike that of an Afrikaans high school rugby front row, menacing, determined, unrelenting, pummelling many a foe. He also made his mark on spear fishing in South Africa. He was, at the time, and probably still, the only landlocked spearo to get Protea colours.

With the bottom of Boesmansgat beckoning in the back of Nuno’s mind, he set about training for the next level of extreme deep diving. Extreme deep diving is a team effort and gradually Nuno assembled a team of dedicated divers who assisted him on his numerous expeditions to caves and sink holes in southern Africa.

In 1994 Nuno extended his personal deepest dives to 230m followed by a 253m.

In April 1994 the deep diving community received devastating news. Aiming to go beyond the 300m mark for the first time, legendary deep and cave diver Sheck Exley, accompanied by another leading American deep scuba diver, Jim Bowden, went down into the abyss of Mexico’s Zacaton Cave System. Exley did not resurface from 276m and Bowden, who got the bends, nearly ran out of gas and was extremely lucky to survive. Bowden was credited with an overall depth world record of 281.9 m. This news affected all divers, including Nuno. This news also had a profound effect on family members and team mates, who wondered how Nuno would survive deeper dives if the legendary Exley did not.

Then Deon Dreyer went missing in Boesmansgat in 1994 and Theo van Eeden, an experienced police diver, who was intent on finding Dreyer’s body, contacted Nuno to help. Although Nuno declined to dive to the bottom to look for the body a fertile seed was planted and a long friendship with Theo was born. Theo persisted with his suggestions to Nuno to look for the body of Deon Dreyer and with the words “OK, it will be a world record dive” Nuno made the decision.

This dive was done at altitude with a decompression requirement of a 330m dive at sea level. It took 12 hours to complete. On this dive Nuno wore seven cylinders (2x18, 2x14, 2x10 and one 4-litre), weighing 135 kg – using 54 730 l of mixtures of air: oxygen, nitrox and trimix. Helmet, fins, computerised gauges and pressure-resistant torches made up the rest of his gear. Nuno narrowly beat his friend Jim Bowden’s record of 281.9m and grabbed the world cave and overall depth record. The cave record was recognised by Guinness World Records and it still stands today – Guinness simply does not have a provision for an overall dive record.

Nuno was asked to lead the dives for the coelacanth expedition in 2001 of the coast of Sodwana and to help with the planning of the dives. The dives were to be 120m deep with a fairly long bottom time of 18 minutes. While preparing for the coelacanth expedition, comfortable in the knowledge that he is the overall record holder, Nuno received the news that John Bennett descended to 307.8 m off Escarcia Point, Puerto Galera, Philippines. It was not a walk in the park for Bennett, who suffered vertigo, nausea and violent vomiting, which lasted for at least 6.5 hours. Bennett confided in an interview with Action Asia magazine (June/July 2002), that, for a few seconds, he had just wanted to let go of the guide line and go home. “But the realization that I would be dead before I reached the surface gave me something to focus on”. “White-knuckling” the guide line, he literally hung on for his life.

With this news and with the coelacanth dives going very well Nuno’s next project was confirmed, to reclaim the overall and SCUBA world record in the sea. Nuno liked the coelacanth dive system, which laid the foundations for a record dive in the sea. “The transition from caves to the sea has begun”

Nuno and his team started training in earnest. Nuno stepped up his already hectic Gym program and went diving every weekend. Sponsorship was obtained, flights booked, arrangements made, there was no turning back.

The team arrived in Dahab in April 2004 and started preparing for the dive. After a 150m dive Nuno declared that he was ready, only two weeks after seeing the Red Sea for the first time. He descended alone to reach past 315m. The dive did not go well.

It was a technical problem that denied Nuno the world record and he could not resist trying again. His sponsors kept their faith and provided the further backing needed to try again. It was a GO. One year later he was to Dahab, Red Sea. Nuno is not a character who can get easily upset or distracted by setbacks.

This time Nuno decided to use his Poseidon Cyklon 5000 regulators on both his main quad configuration cylinders as well as his side slungs.

Rather unceremoniously he was pushed into the water and he disappeared. He surfaced after sunset exhausted but elated. Later Nuno remarked:

"318.25 metres/1044 feet (321.81metres/1056 feet with rope stretch) I still can not believe it!!! Well I have done it, with the assistance of my team.”

So, is Nuno a suicidal adrenaline junky? At first glance this may appear to be the case. However, with when delving deeper, it becomes clear that each dive is built on manageable incremental increases in difficulty over a very long period of time. By the time the big dive comes the envelope is pushed within his comfort zone. Each new encountered problem is solved before the next dive. He always does build-up and acclimatisation dives. He calculates decompression stops conservatively; doing long decompression time is seen as privilege not a punishment. He plans a contingency for every possible foreseeable problem. He will never be pressurised into an unmanageable dive. He knows himself. He knows his equipment. He knows his team. He is very fit. He loves diving. We can all learn from him.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Blue Hole - Mar Vermelho

O Blue Hole está localizado no leste do Sinai , a poucos quilômetros ao norte de Dahab , Egito , na costa do Mar Vermelho.


É um ponto de mergulho muito belo, procurado por mergulhadores de diversas partes do mundo. Mergulhar no Blue Hole requer cuidados especiais, principalmente quanto se trata de um mergulho profundo, onde a experiência e o treinamento adequado garantem segurança e sucesso.


A profundidade do Blue Hole pode atingir 130 metros, exigindo do mergulhador o domínio de habilidades advindas do Mergulho Técnico. Todavia, muitos mergulhadores recreacionais já se aventuraram a mergulhar fundo no Blue Hole, sem o devido treinamento e equipamento adequado.


Uma triste fatalidade, entre diversas outras, ocorreu no ano de 2000. Yuri Lipski , mergulhador russo, morreu a 91,6 metros de profundidade, sendo, tragicamente, uma infeliz vítima da inexperiência e da ausência de treinamento adequado para este nível de mergulho.


Logo abaixo, vejam as fotos deste maravilhoso lugar, sendo a última, um "memorial" aos mergulhadores vítimas das diversas fatalidades ocorridas no local.


Com todo respeito à Yuri Lipski, por fim, assistam ao vídeo de seu mergulho fatal, gravado por ele próprio aos 23 anos de idade, assim como, outro vídeo da operação de resgate de seu corpo pela equipe de mergulhadores técnicos do local.











sexta-feira, 26 de março de 2010

Curiosidades sobre os mergulhos no naufrágio Príncipe de Astúrias, em Ilha Bela (SP)


O navio Príncipe de Astúrias naufragou em Ilha Bela-SP no ano de 1916. Faleceram 477 pessoas e 144 sobreviveram, assim como mais de 1.000 clandestinos que vieram alojados nos porões. As águas agitadas, a correnteza acentuada, a forte neblina e a versão de que a Ilha Bela-SP seria um polo magnético, acredita-se que tenham sido as principais causas que provocaram a tragédia. O sinistro foi comparado ao do Titanic, naufragado quatro anos antes (1912), coincidentemente construído pelo mesmo estaleiro escocês. O Vapor espanhol Príncipe de Astúrias tinha 150 metros de comprimento e era o orgulho da Marinha Mercante espanhola.


Logo após o naufrágio, foram realizadas operações de mergulho no local, autorizadas pela Marinha do Brasil. A primeira exploração ocorreu em 1949, quando foram retiradas 200 toneladas de chumbo.
Luiz Fernando de Castro Cunha, arqueólogo subaquático e mergulhador da Marinha do Brasil, acompanhou os trabalhos de pesquisas realizadas no ano de 1986 e 1987. Desde então, o naufrágio tem sido visitado por mergulhadores técnicos de todo o Brasil. Trata-se de uma operação de mergulho complexa, pois depende muito das condições do mar e da previsão metereológica.


O relato de uma operação de mergulho realizada recentemente no náufrágio, exprime todas estas dificuldades supracitadas. Leiam, abaixo, o depoimento do mergulhador e instrutor de mergulho Paulo Dias, publicado no site Brasil Mergulho.


"Anteriormente ao mergulho, tentei buscar com vários amigos que diziam já terem mergulhado no Príncipe de Astúrias, informações adicionais sobre o naufrágio, mas curiosamente desta vez, a todos que perguntei, obtive como resposta que não se lembravam de nada para poder passar sobre o naufrágio...esquisito...


Como de costume, em nossas operações de mergulho, sempre desço primeiro para poder passar aos demais mergulhadores as condições do mergulho e fixar o cabo de descida. O mar estava relativamente calmo, propiciando um confortável mergulho em qualquer lugar, mas depois soubemos que em qualquer lugar não significava dizer que no Príncipe de Astúrias, também.


Ao entrar na água, percebi uma forte correnteza de superfície que me impedia de chegar na bóia de marcação e somente com algum esforço consegui alcançá-la e iniciei a descida. Tudo foi tranquilo até os 20m, pois a partir daí, a visibilidade foi para zero, a correnteza ficou mais forte, a densidade da água mudou e fui atacado por milhares de camarões minúsculos que me incomodavam o suficiente para quem já não estava enxergando nada.


Ao chegar ao naufrágio, literalmente no tato, tive a sensação de que a água estava tão densa que parecia me envolver como um carinho aconchegante...esquisito... Os camarões que me atavam pararam repentinamente...esquisito...Vozes eu não ouvi, mas...Pen-pen ouvi sim, como se fosse o barulho de um martelo a bater em uma bigorna...esquisito... Estava parado, ajoelhado ao casco, e mesmo assim estava me deslocando ou as coisas estavam passando por mim em grande velocidade...esquisito... Decidi apagar a lanterna, pois o fato de estar com ela acesa sem poder enxergar um centímetro à frente, estava me deixando inquieto. Apaguei e olhei para frente, como se quisesse encarar o que não se podia ver e flashes de luzes começaram a aparecer...esquisito... Pensei então: Não sei e não quero saber o que está acontecendo, só sei que vou sair daqui é agora! Que nada !! Tentei sair, porém, minha nadadeira estava presa em alguma coisa ou algo estava segurando ela, impedindo qualquer movimento meu...esquisito? Apavorante!!Fechei meus olhos, relaxei os músculos e fiz uma prece em homenagem aos mortos que ali pereceram, pedi ajuda, compreeensão e licença aos espíritos que por lá estivessem. Ao terminar minha prece, minhas nadadeiras se soltaram e eu pude regressar à superfície sem nenhum problema. Já no barco, comuniquei aos demais mergulhadores das péssimas condições da água e que recomendava que o mergulho fosse abortado. A frustração estava estampada em todos nós, afinal, conseguir chegar até ali e não mergulhar era demais.


Relutante em não desistir, ainda voltei a mergulhar por mais três vezes na esperança de encontrar alguma melhor condição, mas não deu...Impressionante é que toda a mancha de turbidez se concentra unicamente na área do naufrágio. Alguns metros depois, a água já está calma e clara...esquisito...Esta condição persiste em praticamente todos os dias do ano e acredito que com muita sorte, somente em 10 dias de um ano inteiro se possa encontrar alguma condição favorável ao mergulho e, mesmo assim, com uma visibilidade máxima de 3 metros nos melhores dias...


Deixando o mérito de ser este um mergulho sobrenatural, no mínimo me reservo a garantir que é muito esquisito. Mergulhar no Príncipe de Astúrias é, com certeza, um dos mergulhos mais complexos de se realizar, requerendo do mergulhador não somente técnica, mas também algo que vai além de nossa compreensão lógica".


Vejam a seguir, algumas imagens de um mergulho técnico no naufrágio Príncipe de Astúrias.









quarta-feira, 10 de março de 2010

O "Monte Everest" do mergulho em naufrágios

Construído nos estaleiros de Ansaldo em Sestri, Gênova, o luxuoso transatlântico Andrea Doria, que levava o nome do Príncipe e Almirante italiano do século XVI, foi lançado ao mar em 1951.

Com um comprimento de 197 metros, uma boca de 27 metros e um deslocamento de 29.083 toneladas, foi um dos mais luxuosos transatlânticos construídos, com acomodações para 1.241 passageiros e 575 tripulantes.

Às 23:10 hs do dia 25 de julho de 1956, quando navegava de Gênova para Nova York, sob o comando do capitão Piero Calamai, num forte nevoeiro ao largo da ilha de Nantucket, o transatlântico foi atingido a estibordo pela proa da embarcação sueca Stockholm. O impacto foi extremamente forte, pois a proa da embarcação sueca era reforçada para que pudesse navegar em mares congelados.

O golpe recebido foi mortal, um rombo de cerca de 25 metros foi aberto e um grande volume de água entrava pelos porões e decks, começando a adernar a embarcação. O Stockholm, mesmo com a proa totalmente destruída, ainda tinha condições de navegar e ficou para auxiliar o resgate.

À bordo do Andrea Doria haviam 1.705 pessoas e da Stockholm 747.

Uma série de pedidos de socorro e informações sobre a situação foi enviada pelas duas embarcações. Para o salvamento, além da Stockholm que recolheu 533 pessoas, a Ille de France que recolheu 760 pessoas, a Cape Anne, a Private William H.Thomas e o destróier americano Edward H. Allen, participaram do resgate. Cinco pessoas foram resgatadas por helicópteros devido ao seu grave estado.

O Andrea Doria levou cerca de 10 horas para afundar. Foram salvas 1659 pessoas e houveram 51 mortes, das quais, 5 tripulantes da Stockholm e 46 pessoas do transatlântico italiano. A grande maioria dos óbitos ocorreu no impacto inicial.

No dia seguinte ao naufrágio, dois mergulhadores, Peter Gimbel e Joseph Fox, utilizando como marcação a bóia deixada pela guarda costeira, foram os primeiros mergulhadores a chegarem ao naufrágio e nele tirar as primeiras fotografias. Estas fotos foram vendidas para a revista Life e publicadas nas edições de 6 e 13 de agosto do mesmo ano.

O próprio Gimbel, em 1973, iniciou os trabalhos para o resgate de um dos cofres do transatlântico. Isto só foi conseguido em 1981, quando um dos cofres foi colocado a salvo no tanque de tubarões do New York Aquarium. Isto foi feito para que houvesse tempo para organizar a abertura do cofre, com ampla cobertura televisiva e venda dos direitos de divulgação.

O cofre foi aberto no dia 16 de agosto de 1984 e continha apenas certificados americanos e papel moeda italiano, já bastante deteriorados.

O naufrágio se encontra a uma profundidade de 72 metros e é muito procurado por mergulhadores técnicos. O local é constantemente varrido por fortes correntezas e a visibilidade é bem limitada, fatores que concorreram para acidentes e óbitos de diversos mergulhadores.

É necessário treinamento adequado e somente mergulhadores técnicos, credenciados como Trimix Diver, podem realizar este mergulho profundo.

Logo abaixo, assistam a um vídeo ilustrativo que relata a operação de mergulho a este naufrágio considerado o "Monte Everest" do mergulho scuba.

Bom divertimento a todos!
Rodrigo N. P. Correia.





segunda-feira, 8 de março de 2010

Um pouco de história do Mergulho

O termo SCUBA é o acrônimo em inglês para Self-Contained Underwater Breathing Apparatus (Dispositivo para respiração subaquática autocontido). Estas iniciais começaram a ser utilizadas em 1939 na Marinha dos Estados Unidos da América, para se referir aos rebreathers dos homens-rã. Um equipamento SCUBA fornece o ar necessário a quem pratica mergulho autônomo (recreacional ou técnico).


Mergulho autônomo é a prática que consiste em submergir total ou parcialmente na água utilizando-se de equipamento autônomo de respiração, o equipamento de mergulho.

Por ter consigo uma fonte de ar comprimido, o mergulhador pode permanecer mais tempo submerso do que nas técnicas da apnéia e/ou snorkeling, e não está ligado à superfície por umbilicais de ar.

O mergulhador autônomo tipicamente movimenta-se sob a água utilizando-se de nadadeiras. Entretanto, alguns mergulhadores podem movimentar-se com a ajuda de um DPV (Diver Propulsion Vehicle), comumente conhecido como "scooter".

Em 500 AC, o historiador grego Heródoto já relatava que o rei Xerxes da Pérsia contratou o escultor e mergulhador Scyllias e sua filha Cyana para buscar tesouros no oceano, em apnéia. Cyana é portanto a primeira mulher mergulhadora que se tem noticia.

Aristóteles, filósofo da Grécia antiga, em “Problemata” narrou a descida de mergulhadores no ano de 332AC, para destruir obstáculos no porto sob determinação de Alexandre O Grande, assim como sua própria descida para inspecionar o trabalho. Provavelmente este mergulho se deu em um sino de mergulho primitivo.

No ano de 1865, os franceses Benoit Rouquayrol e Auguste Denayrouse patentearam o primeiro aparelho de respiração autônoma. Com ele era possível respirar por alguns minutos apenas. Em 1933, o capitão da marinha francesa Yves Le Prieur, baseado no aparelho de Rouquayrol-Denayrouse, acoplou uma válvula de demanda a um cilindro de ar comprimido de alta pressão desenvolvendo o primeiro equipamento realmente autônomo de mergulho, eliminando por completo os cabos e mangueiras. Entretanto, este equipamento fornecia ar constantemente ao mergulhador desperdiçando boa parte do seu reservatório, diminuindo assim o tempo de mergulho.

A solução foi encontrada pelos franceses Jacques Yves Cousteau (tenente da marinha francesa) e Emile Gagnan (engenheiro da Air Liquide) em 1942/1943, quando projetaram uma válvula que oferecia ar ao mergulhador quando inspirasse. Esta válvula ligada ao cilindro de alta pressão, batizado de Aqualung, alterou por completo o mundo do mergulho, permitindo maior tempo de submersão, conforto e segurança.