"Most divers seem to act as though having a c-card means that they have mastered all of the skills of the sport. Wrong. The c-card only means that they now have a license to practice and a lifetime to learn."

(Rhea DW, 2004)


"A maioria dos mergulhadores parece agir como se ter uma credencial significa dominar todas as habilidades do esporte. Errado. A credencial significa apenas que eles possuem agora uma licença para a prática e uma vida inteira para aprender."

(Rhea DW, 2004)


"Muitas vezes vemos coisas e dizemos: Por que? Sonhamos coisas que nunca existiram e dizemos: Por que não?"

(George Bernard Shaw)


"Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário".

(Albert Einstein)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Artigos

Caros mergulhadores,

Vejam os artigos de minha autoria publicados nos sites:

I.A.N.T.D. BRASIL - link: http://www.iantdbrasil.com.br/iantdv01/portugues/home/PaginaNoticias.aspx?KeyResource=8

BRASIL MERGULHO - link: http://www.brasilmergulho.com.br/port/artigos/2009/023.shtml

NAUFRÁGIOS DO BRASIL - www.naufragiosdobrasil.com.br - Matérias especiais.

Boa leitura!

sábado, 21 de novembro de 2009

O Mergulho e suas limitações quanto ao nível de treinamento






Toda vez que nos deparamos com desafios, devemos ser capazes de refletir se estamos realmente preparados e seguros para enfrentá-los.
No mergulho, essa condição é primordial, pois jamais devemos substimar as surpresas e os imprevistos que esses desafios poderão nos proporcionar.
O mergulho em caverna é um exemplo típico que apresenta estatísticas de intercorrências e incidentes que propiciaram situações desastrosas para a segurança de mergulhadores, que, por sua vez, não possuiam treinamento adequado para o desenvolvimento da atividade. Portanto, é de fundamental importância que o mergulhador procure pelo treinamento apropriado de acordo com seu objetivo de mergulho específico, em um curso reconhecido e ministrado por um profissional capacitado e competente.
Nas fotos apresentadas acima, estão alguns exemplos de advertências que chamam atenção do mergulhador para a consciência de tais fatos.



Bom treinamento a todos e excelentes mergulhos!

Rodrigo N. P. Correia.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Narcose por Nitrogênio



Narcose por nitrogênio é a chamada "embriaguez das profundezas". Ocorre quando o gás nitrogênio, que, sobre pressão, deixa de ser inerte ao nosso organismo e começa a ser dissolvido na corrente sanguínea difundindo-se pelos tecidos. Ao que tudo indica, o nitrogênio atrasa a transmissâo dos impulsos nervosos pelos neurônios, causando um efeito de "falha". Tudo indica que o nitrogênio se acumula na bainha de mielina, dificultando as sinapses para a passagem dos impulsos nervosos.


Sintomas apresentados durante a ocorrência da narcose por nitrogênio:

Estado de euforia, raciocínio lento, sensação de dormência em extremidades do corpo (língua, dedos e lábios), perda da visão periférica, estado de embriaguez (parecida com a alcoólica) e em alguns casos extremos, alucinações. Dependendo do caso, considerando-se a individualidade biológica de cada indivíduo, a narcose pode aparecer a partir dos 25 metros de profundidade. Os sintomas variam de pessoa para pessoa, ou até mesmo de um dia para o outro. Noites mal dormidas, álcool, água fria, baixa visibilidade e estresse durante o mergulho, podem agravar os níveis da narcose. Há relatos de mergulhadores que viram sereias, conversaram com peixes, cavaram o chão com as próprias mãos em busca de algo, que ninguém sabe o que poderia ser.
Existe uma crença relacionada à ocorrência da narcose, por ser proporcionalmente ligada a profundidade em que se encontra o mergulhador, que para cada 15 metros de profundidade, seria equivalente a ingestão de uma taça de Martini ("Lei do Martini"). Imaginem então um mergulhador a 60 metros. Ele, segundo a crença, teria ingerido 4 taças de Martini.

Como evitar:

Ao sentir os sintomas, ou diagnosticar que o seu dupla está sofrendo de narcose, deve-se subir imediatamente para uma profundidade superior de onde se encontram, seguindo os padrões de velocidade de subida adequados (cerca de 3 a 5 metros são suficientes para amenizar os sintomas).
Aconselha-se ao narcosado que ele nade no mesmo sentido das bolhas, devido à confusão espacial em que pode se encontrar (desorientação).

Como conviver com ela:

Por ter essa dinâmica de sintomas e intensidades, o mergulhador deve se habituar aos seus limites. Podem ser realizados testes de raciocínio baseados em tempo de resposta na superfície e em determinadas profundidades, como, por exemplo, contas simples, assinaturas, quebra-cabeças e desenhos. A narcose foi e ainda é responsável por inúmeros acidentes de mergulho, como também um dos maiores perigos enfrentados pelos mergulhadores, devido à indução ao erro e ao aumento exacerbado da autoconfiança, podendo propiciar um erro em potencial.
Breve relato pessoal de ocorrência da narcose por nitrogênio:
Certa vez, durante um mergulho profundo a 60 metros, comecei a ter um comportamento repetitivo. Este comportamento fazia com que eu conferisse insistentemente meu manômetro, com aquela idéia fixa de que estaria ficando sem ar nos cilindros. Ao mesmo tempo que isso ocorria, tinha a sensação que minha máscara encontrava-se alagada e para solucionar tal problema, executava repetidamente a manobra de desalagamento da máscara. A medida que ia retornando à superfície, sentia uma melhora nestes aspectos, o que me fez concluir que me encontrava narcosado durante o mergulho. Mesmo assim, consegui êxito naquilo que tinha planejado para o mergulho, porém, não me lembro de todos os detalhes do belo mergulho que realizei.
Caro mergulhador, deixe aqui seu relato de ocorrência da narcose por nitrogênio.
Um abraço a todos,
Rodrigo N. P. Correia.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009







Esta é a maior piscina, em termos de profundidade (33 metros), para o treinamento do Mergulho Scuba em águas confinadas.

Chama-se Nemo 33 e está localizada na Bélgica.

Imaginem uma dessas aqui no Brasil?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tabelas de mergulho e prevenção da Doença Descompressiva

Segundo informações da literatura, nos últimos 20 anos podemos observar uma grande variedade de algoritmos computacionais de programas de descompressão. Inicialmente eles se baseavam no modelo de descompressão proposto por Haldane. Pesquisas inicialmente realizadas na Universidade do Havaí, que incluem outras variáveis relacionadas à interação dos gases com o corpo humano, disponibilizaram novos algoritmos. Em resumo, os cálculos realizados propunham mergulhos com primeiras paradas mais profundas, mas com duração não muito diferente das tabelas convencionais para o mergulho profundo. Outras mudanças ocorreram desde os experimentos iniciais de Haldane, principalmente, relacionadas à velocidade de subida. Haldane usou uma taxa de subida de 9 metros por minuto, que era lenta o suficiente para evitar a formação de bolhas e compatível com o tipo de equipamento usado, que eram os escafandros.
Como o mergulho autônomo permite uma liberdade de subida maior, as taxas de velocidade de subida aumentaram. Após um período de tempo considerável, durante o qual se preconizava a velocidade de subida de 18 metros/minuto (Marinha Norte-Americana, 1956), ela acabou diminuindo para 12 metros/minuto (Hills, 1966-76), depois indo para 10 metros/minuto (Buhlmann, 1975) e finalmente até os 9 metros/minuto, preconizados pela maioria das entidades relacionadas à prática do mergulho scuba seguro.
As vantagens de diminuir a velocidade de subida vão além da simples oportunidade de eliminação do gás acumulado durante o mergulho. Elas incluem a diminuição da produção de êmbolos gasosos venosos, menos obstrução do filtro pulmonar e menos chance de barotrauma pulmonar.
São muitos os problemas existentes no desenvolvimento de um modelo matemático ideal para prevenir a doença descompressiva. As dificuldades não recaem somente sobre a escolha de beneficiar os tecidos lentos ou rápidos e a sua correlação com mergulhos profundos, rápidos ou demorados. As dificuldades se concentram no fato de não existir um conhecimento claro que defina a escolha a ser seguida, ou seja, por seguirem argumentos ainda não bem esclarecidos relacionados à difusão ou à perfusão de gás nos vários tecidos.
Em geral, o que podemos observar é que as tabelas atuais são mais efetivas em reduzir a doença descompressiva em tecidos de meio-tempo e lentos, do que nos rápidos, como o sistema nervoso central.

Fatores determinantes para a ocorrência da Doença Descompressiva

Ainda, segundo a DAN, alguns fatores fisiológicos e ambientais predispõem a ocorrência ou potencializam a gravidade da doença descompressiva. Eles incluem exercício, preparo físico, temperatura ambiental (água fria, banho quente), idade, obesidade, desidratação, ingestão de álcool, episódio descompressivo prévio, dano tecidual prévio e retenção de gás carbônico. Foi observado que as mulheres, quando expostas à altitude, apresentam uma frequência quatro vezes maior de doença descompressiva que os homens. Cabe salientar que isso não pode ser generalizado para o mergulho ao nível do mar.Existem também fatores predisponentes relacionados ao mergulho propriamente dito como o perfil do mergulho, subidas rápidas, múltiplas subidas, mergulhos sucessivos, vários dias de mergulho e exposição à altitude.Têm sido propostos muitos outros fatores agravantes. Muitos deles se relacionam a alterações bioquímicas sanguíneas, como alterações dos lipídios (dislipidemias) e o complemento sérico, bem como fatores de ativação da musculatura lisa. Outros são exógenos como o fumo e a enxaqueca. Todos eles requerem mais investigação antes de serem confirmados.

Doença Descompressiva

Muitos mergulhadores tomam conhecimento da doença descompressiva, sua prevenção, suas consequências, apenas durante a realização de seus cursos, o que muitas vezes cai no esquecimento com o passar do tempo, com a rotina dos mergulhos e com a certeza de que com eles nunca acontecerá.
A seguir, algumas informações e considerações importantes sobre a doença descompressiva (por Divers Alert Network - DAN):
O QUE É DOENÇA DESCOMPRESSIVA ?
A doença descompressiva é uma síndrome clínica cujo conjunto de sinais e sintomas são consequência direta dos efeitos da presença de bolhas de gás nos tecidos e na circulação sanguínea. Ela é uma doença disbárica causada pela liberação de bolhas de gás dissolvidas nos tecidos ou no sangue. Bolhas podem formar-se no corpo do mergulhador, do aviador e dos trabalhadores em ambientes pressurizados. Elas ocorrem quando o indivíduo é exposto a uma redução na pressão ambiente, a chamada descompressão, causando os sinais e sintomas da doença descompressiva. As sequelas desta entidade clínica variam desde morte, dano neurológico permanente até mesmo completa recuperação. As manifestações da doença descompressiva resultam da presença de bolhas formadas nos tecidos ou na circulação sanguínea como resultado de variações na pressão ambiente. Essas bolhas podem acarretar sintomas decorrentes de lesões diretas numa determinada estrutura afetada, produzidas mecanicamente sobre os tecidos. Lesões indiretas decorrentes do bloqueio da circulação dos vasos sanguíneos também podem ocorrer. Embolia arterial gasosa pode ocorrer quando o gás entra na circulação. Usualmente, isso ocorre quando há dano descompressivo nos pulmões ou embolia pulmonar. Êmbolos podem chegar até o cérebro e produzir sintomatologia específica. Mais recentemente a Divers Alert Network tem usado um sistema de definição de doença descompressiva por sintomas. Casos considerados leves, somente dor, apresentam sintomas do tipo fadiga, coceira, rash cutâneo, inflamação local, dor muscular ou articular. Os casos graves, considerados sérios, se caracterizam por manifestações neurológicas como dor de cabeça, fraqueza muscular, alterações visuais, auditivas, de sensibilidade e motricidade, da memória, da personalidade, disfunção intestinal e da bexiga e queixas cardiopulmonares que podem evoluir à insuficiência respiratória, ao choque e até mesmo à morte. A embolia arterial gasosa acarreta rápido início de sintomas cerebrais geralmente seguidos de alterações da consciência. Usualmente os sintomas da embolia arterial gasosa estão associados a subidas rápidas e se manifestam tão logo ocorra a emersão. No mergulho recreacional, a maior parte dos sintomas é neurológica. Segundo dados relatados pela DAN, mais da metade dos mergulhadores que são vítimas de doença descompressiva, apresenta sintomas em até uma hora após o mergulho, 30% apresentam sintomas logo após emergir, 10% apresentam sintomas antes do último mergulho e menos de 10% apresentam sintomas 48 horas após o último mergulho. Muitas vezes sinais sutis são difíceis de valorizar, pois não diferem muito de sintomas comuns que todos apresentam habitualmente na vida normal. Não é incomum observar mergulhadores com sintomas leves que continuam mergulhando até surgirem sintomas mais bem definidos e se configurarem em situações dramáticas. Existe a doença descompressiva esperada, que inclui os casos em que há, pelo menos, a violação de uma regra do mergulho, e a inesperada, em que o mergulhador faz tudo certo e mesmo assim apresenta a doença. Mais de 50% dos casos são inesperados e não se identifica qualquer violação de regras do mergulho. Como a desordem não é tão frequente, é comum que muitos não a reconheçam. Os casos de doença esperada são fáceis de reconhecer, pois aquele que desenvolve a doença, sabe que mergulhou fora dos limites não-descompressivos ou subiu muito rapidamente. A maior consequência relacionada à demora do reconhecimento da doença é um pior resultado na recompressão. A recompressão precoce está associada a melhores resultados em termos de recuperação de funções e cessação dos sintomas. Cabe salientar que a análise dos relatos das várias séries de casos revela que a demora em relatar e tratar novos casos se mantém a mesma, apesar dos esforços de se divulgar informação para o tratamento precoce dessa patologia.