"Most divers seem to act as though having a c-card means that they have mastered all of the skills of the sport. Wrong. The c-card only means that they now have a license to practice and a lifetime to learn."

(Rhea DW, 2004)


"A maioria dos mergulhadores parece agir como se ter uma credencial significa dominar todas as habilidades do esporte. Errado. A credencial significa apenas que eles possuem agora uma licença para a prática e uma vida inteira para aprender."

(Rhea DW, 2004)


"Muitas vezes vemos coisas e dizemos: Por que? Sonhamos coisas que nunca existiram e dizemos: Por que não?"

(George Bernard Shaw)


"Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário".

(Albert Einstein)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Matéria publicada na Revista Mergulho - Edição do mês de novembro de 2010

Mergulho, atividade física e bem-estar: um trinômio perfeito

A prática do mergulho, por mais tranquila ou complexa que seja, exige treinamento, vontade e disposição por parte do novato até o mais experiente mergulhador. Trata-se de uma atividade considerada por muitos como um esporte radical, e ao mesmo tempo não deixa de ser uma atividade física. Através de sua prática, os mergulhadores vivenciam sensações de extremo bem-estar, satisfação e motivação.

A prática de atividade física regular pode atuar efetivamente na prevenção e no tratamento de disfunções fisiológicas do corpo humano, propiciar um melhor condicionamento físico para os desafios da vida moderna, como também, assume um papel decisivo para tornar a prática do mergulho em uma atividade prazerosa e gratificante.

Um ponto específico que devemos considerar, por ser uma das razões principais onde muitos procuram o mergulho, é o bem-estar mental e psicológico que ele proporciona a seus praticantes. Desta forma, podemos fazer um paralelo com estudos científicos que comprovam que a prática constante de atividade física colabora para atenuar distúrbios psicológicos, assim como, promove a saúde mental através da elevação do humor, da função intelectual, do autoconceito e da autoestima (ARENT; LANDERS e ETNIER, 2000).

Uma das explicações mais convincentes para confirmar os benefícios psicológicos do exercício é a hipótese das endorfinas. A elevação do nível de endorfina, que é uma substância natural produzida pelo cérebro, estaria associada às mudanças psicológicas positivas induzidas pelo exercício, como a diminuição da ansiedade, da depressão, o aumento do vigor e do bem-estar (MORGAN, 1985), citado por Werneck; Bara Filho e Ribeiro, 2005.

Diversos pesquisadores buscam hipóteses que permitam atestar quais razões fazem com que o exercício físico colabore para alterações no estado psicológico dos indivíduos. São hipóteses sustentadas em um modelo fisiológico, como também, em um modelo psicológico, tais como:

Fisiológico: hipótese do fluxo sanguíneo cerebral, onde os aumentos da temperatura corporal e do fluxo sanguíneo cerebral promoveriam efeitos psicológicos positivos, como diminuição da ansiedade e da tensão nervosa.

Psicológico: hipóteses da distração, das interações sociais, do autocontrole, assim como, hipótese da expectativa de mudança, da avaliação cognitiva ou do prazer pela atividade. A interrupção de um estímulo estressante, como por exemplo, a rotina cotidiana, seria o fator responsável pela melhora do humor.

Segundo Turner; Rejeski e Brawley, 1997, estas hipóteses fazem com que os praticantes de atividade física regular, em especial, do mergulho, possam encontrar e vivenciar uma relação positiva entre o clima de integração criado pelo grupo de participantes e o sentimento de revitalização, engajamento positivo no esporte e superação de limites individuais.

Para Turnbull e Wolfson, 2002, o benefício psicológico é o resultado da interpretação mental do indivíduo sobre a atividade praticada como uma experiência agradável, o que pode explicar a diferença nas alterações psicológicas após as situações de vitória ou de derrota no esporte radical ou competitivo.

De acordo com o U.S. Department of Health and Human Services, 1996, mesmo considerando a relação positiva entre exercício e saúde psicológica, um grande percentual da população não usufrui desses benefícios, já que apenas uma pequena parcela se exercita suficientemente e a outra grande parte é completamente sedentária. Uma recente publicação brasileira revelou que apenas 13% dos adultos realizam trinta minutos de atividade física em um ou mais dias na semana, reduzindo para 3,3% quando questionados se realizavam atividade física pelo menos trinta minutos, cinco ou mais dias por semana (MONTEIRO C.A.; CONDE W.L.; MATSUDO S.M.; MATSUDO V.R.; BONSENOR I.M. e LOTUFO P.A., 2003).

Analisando-se o fato supracitado, bem como, a condição de sedentarismo em que muitos mergulhadores se encontram, essa situação poderá ser amenizada pela prática regular do mergulho, que por si só, já é considerado uma atividade física por exigir esforço físico, coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade e concentração. Além disso, diante dos resultados das pesquisas realizadas, se os mergulhadores adotarem em sua rotina uma prática constante de outras atividades físicas, poderão ser beneficiados pela obtenção de maior estabilidade emocional, controle da ansiedade e do estresse, antes, durante e após a prática do mergulho.

Para tanto, é de fundamental importância que o mergulhador realize uma avaliação médica e procure a orientação de um profissional de Educação Física ao iniciar um programa de atividades físicas.

Bons exercícios, ótimos mergulhos e usufrua de um excelente bem-estar!

Prof. Ms. Rodrigo Nuno Peiró Correia


Referências Bibliográficas:

Arent S.M.; Landers D.M.; Etnier J.L. The effects of exercise on mood in older adults: a metaanalytic review. J. Aging Phys Activ. 2000; 8: 407-430.

Monteiro C.A.; Conde W.L.; Matsudo S.M.; Matsudo V.R.; Bonsenor I.M.; Lotufo P.A. A descritive epidemiology of leisure-time physical activity in Brazil. Pan Am. J. Public Health.1996-1997. 2003; 14: 246-254.

Morgan W.P. Affective beneficence of vigorous physical activity. Med Sci Sports Exerc. 1985;17: 94-100.

Turnbull M.; Wolfson S. Effects of exercise and outcome feedback on mood: evidence for

misattribution. J. Sport Behav. 2002; 25: 394-406.

Turner E.E.; Rejeski W.J.; Brawley L.R. Psychological benefits of physical activity are influenced

by the social environment. J. Sport Exerc. Psychol. 1997; 19: 119-130.

U.S. Department of Health and Human Services (USDHHS). Physical activity and health: a

Report of the Surgeon General. Atlanta: 1996.

Werneck, F.Z.; Bara Filho, M.G.; Ribeiro, L.C.S. Mecanismos de Melhoria do Humor após o Exercício: Revisitando a Hipótese das Endorfinas. R. bras. Ci e Mov. 2005; 13(2): 135-144.

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